Suspeito do ataque em Nova Orleans trabalhou em duas das maiores empresas de serviços profissionais dos EUA.
O homem suspeito de realizar o ataque de Ano Novo em Nova Orleans, Shamsud-Din Jabbar, tinha um histórico conjugal complicado, marcado por múltiplos divórcios e dificuldades financeiras, de acordo com registros judiciais revisados pela ABC News.
Os registros também mostram que, após seu serviço militar, Jabbar trabalhou para duas das maiores empresas de serviços profissionais dos Estados Unidos, Ernst & Young e Deloitte, enquanto tentava expandir seu incipiente negócio imobiliário.
FBI
O FBI identificou Shamsud-Din Jabbar como o suspeito do ataque mortal durante as celebrações de Ano Novo em Nova Orleans. Pelo menos 15 pessoas morreram e mais de duas dúzias ficaram feridas após uma caminhonete Ford alugada ser conduzida em alta velocidade contra uma multidão na Bourbon Street, na manhã de quarta-feira.
De acordo com o FBI, Jabbar, que foi morto durante o ataque, era um veterano do Exército dos EUA e cidadão americano de 42 anos, nascido no Texas. Documentos mostram que, em 2022, enquanto trabalhava na Deloitte, ele ganhava cerca de $125.000 por ano. No entanto, seu salário era comprometido por pagamentos de pensão alimentícia determinados pela Justiça e acumulava dívidas de cartão de crédito e hipoteca.
Em 2012, no Condado de Harris, Texas, a ex-esposa Nakedra Charrllee Jabbar processou-o com sucesso para obter pensão alimentícia para as duas filhas do casal, que tinham oito e três anos na época, de acordo com registros judiciais.
Quatro anos depois, em 2016, Jabbar entrou com um pedido de divórcio de outra esposa, Tiera Symone Jabbar, no Condado de Dekalb, Geórgia. O formulário de queixa, preenchido à mão, diz que os dois se casaram em setembro de 2013, mas se separaram menos de dois anos e meio depois, em fevereiro de 2016. Em motivos para o divórcio, Jabbar marcou a caixa no formulário que dizia "nosso casamento está irrevogavelmente quebrado", acrescentando que o casal "não pode mais viver junto e não há esperança de que voltemos a ficar juntos".
Em julho de 2020, no Condado de Fort Bend, Texas, Jabbar entrou com um pedido de divórcio da esposa Shaneen Chantil Jabbar, com quem se casou em novembro de 2017, de acordo com os autos do tribunal. Mas o casal tentou, em conjunto, rejeitar o processo apenas um mês após ele ter sido aberto, dizendo que "ambos não desejavam mais processar seus respectivos processos contra a outra parte" — um pedido que o tribunal concedeu.
No entanto, quando Jabbar pediu o divórcio novamente um ano depois, sua então esposa respondeu com uma reconvenção que desencadeou uma longa batalha de memoriais, indicando uma aparente desavença entre eles, que pode ter sido causada, pelo menos em parte, por dificuldades financeiras.
Em um processo, o advogado de Shaneen acusou Jabbar de "flagrante desrespeito" aos seus deveres financeiros para com a família — alegando que, durante o casamento, Jabbar "foi encarregado da administração, controle e disposição de praticamente todos os fundos do patrimônio comunitário".
Embora Shaneen "confiasse e acreditasse" que seu marido "executaria fielmente" sua gestão, ele violou seu "relacionamento fiduciário", alegou o advogado de sua futura ex.
Shamsud-Din Jabbar "intencionalmente e em flagrante desrespeito aos deveres como administrador e administrador dos fundos comunitários, administrou mal o patrimônio comunitário, tudo em fraude" aos interesses financeiros de sua esposa, disse ela.
Os autos de Shaneen também alegam que Jabbar ocultou informações importantes do tribunal sobre suas economias para aposentadoria, com um registro de julho de 2022 alegando que Jabbar não apresentou declarações mostrando sua participação no plano de aposentadoria da Ernst & Young, onde o processo indica que Jabbar trabalhou antes de ingressar na Deloitte.
A separação amarga de Shaneen também contou com a ruptura de Jabbar com seu próprio advogado. O advogado Robert Tsai — que representou Jabbar em seu divórcio em 2012 — retirou-se do caso em setembro de 2021, citando a incapacidade de "comunicar-se efetivamente" com seu cliente "de uma maneira consistente com boas relações advogado-cliente". Os registros do tribunal indicam que Jabbar representou a si mesmo durante o restante do processo de divórcio.
Nos autos do tribunal, Jabbar expôs algumas de suas dificuldades financeiras ao explicar por que buscou um acordo de divórcio que faria o casal vender sua casa e dividir os lucros. A empresa de administração de imóveis fundada por Jabbar, Blue Meadow Properties, não estava conseguindo produzir nenhuma receita e, de fato, estava perdendo dinheiro, de acordo com suas alegações ao tribunal.
Os registros de Jabbar no divórcio de Shaneen em 2022 mostram que ele já era responsável por pagar US$ 2.200 em pensão alimentícia por mês após seu divórcio de Nakedra. No final das contas, Jabbar foi condenado a pagar US$ 1.353 adicionais por mês em pensão alimentícia para ajudar a cuidar do filho que ele dividia com Shaneen, de acordo com os documentos.
O tribunal ordenou que a Deloitte retivesse a pensão alimentícia extra dos seus contracheques.
Sua ex-esposa Shaneen ficou com a casa, apesar de Jabbar ter pedido que o bem fosse vendido e os lucros divididos, mostram os registros do tribunal. Ela recebeu a custódia primária do filho, embora Jabbar tenha obtido direitos de visita, dizem os registros.
Durante o divórcio, os registros judiciais mostram que Jabbard e Shaneen fizeram quatro horas de instrução sobre criação de filhos no "Texas Cooperative Parenting Course" e cada um recebeu um certificado indicando que eles "concluíram com sucesso" o curso e estavam "comprometidos a trabalhar com o outro pai no melhor interesse de seu(s) filho(s). O de Jabbar é datado de 20 de agosto de 2021. O de Shaneen é datado de 30 de agosto de 2021.
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